Conteúdo organizado por Renato Cividini Matthiesen em 2023 do livro Internacionalização de empresas: teorias e aplicações, publicado em 2013 por Adriana Beatriz Madeira, José Augusto Giesbrecht Da Silveira, pela editora Saint Paul.
Países emergentes
O século XX foi marcado por um percurso que levou a humanidade a diversas calamidades, exemplificadas pelos horrores de crimes cometidos principalmente na sua primeira metade durante as duas grandes guerras mundiais. Pode-se dizer que este período foi o mais infeliz da história recente de nossa civilização o que levou a reflexão profunda sobre o mapa geopolítico e questões relacionadas aos direitos fundamentais dos seres humanos e um incansável e paradoxal desejo de paz mundial.
Seitenfus (2013) nos ensina que após o final da Segunda Guerra Mundial, em 1948 a Assembleia Geral da ONU definiu o crime de genocídio praticado no período de guerra assim como em outros lugares no planeta deveria ser profundamente repudiado. Ainda assim, mesmo depois deste período de guerra mundial, vários conflitos ocorreram, principalmente no leste europeu e em regiões da África.
Relações internacionais estáveis promulgam e aceleram o crescimento de países desenvolvidos assim como de países em desenvolvimento. Um primeiro desafio é buscar acalmar os conflitos existentes e os potenciais conflitos no planeta todo, para que possamos vivenciar um futuro um pouco mais próspero daquele vivenciado nestes períodos turbulentos.
A necessidade de estabelecer vínculos de cooperação entre Estados é um elemento fundamental para que o planeta encontre paz e prosperidade, considerando que muitos países possuem suas produções internas e potencialmente podem exportar produtos e serviços. Alicerçado pelos princípios políticos da responsabilidade de proteger, Seitenfus (2013) reflete que nesta última década, a intervenção dos assuntos internos de certos Estados chamados considerados falidos ainda não conseguem sequer suportar suas necessidades e tem ainda problemas sérios humanitários.
Mas em uma perspectiva mais otimista, Diamandis e Kotler (2019) trazem um estudo aprofundado e uma perspectiva muito positiva sobre o uso de tecnologias para que o mundo encontre uma paz e distribuição de informações e recursos para melhor qualidade de vida.
O que nos resta neste momento, é fazer uso positivo destas tecnologias para poder sobreviver a uma adolescência tecnológica e poder oportunizar maior desenvolvimento para a humanidade. Diamandis e Kotler (2018, p. 85) nos inspira dizendo: ”quando o mundo à nossa volta estiver conectado e efetivamente autoconsciente, isso trará eficiências nunca vistas. É um grande passo rumo a um mundo de abundância”.
Leia o artigo: Fato novo no cenário internacional: aliança estratégica, sem limites, entre China e Rússia, pelo peso político e econômico destes países, poderá ser um marco na geopolítica global.
"Fato novo no cenário internacional: aliança estratégica, sem limites, entre China e Rússia"
Link: https://bit.ly/9kf7. Acesso em: 17 dez. 2022.
Os chamados países emergentes ou países em desenvolvimento têm estado presente nos noticiários pois passaram a ser alvo de interesse de grandes corporações para desenvolvimento de seus negócios. Veja, caro leitor, que o termo “países emergentes” acabou por substituir a terminologia antiga de países de primeiro, segundo ou terceiro mundo.
O conceito de países emergentes é aplicado a um “grupo de nações que têm se destacado pela sua capacidade de reorganização política, econômica, legal e industrial, e também que têm conquistado mercados com empresas cada vez mais competitivas”, conforme nos ensina Nyegray (2020, p. 16). Estas nações acabaram por ser ambiente de industrialização, promovidas pela necessidade local aliada a oportunidade de receber filiais de empresas de grande porte dos então chamados países desenvolvidos.
Interessante observar que o termo países emergentes é uma forma de classificar o grau de desenvolvimento de um país, ou nação, em relação à economia e à sociedade. Considera-se aqui o desenvolvimento econômico do país, o potencial de produção e criação de riqueza e o desenvolvimento humano. Alguns países que se destacam neste contexto são: África do Sul, Brasil, Coreia do Sul, China, Indonésia, México, Turquia e Rússia. Perceba, caro leitor, que a globalização de mercados acabou por acabar potencializando os países emergentes por terem um grande mercado consumidor, índice de desenvolvimento humano médio e acelerado crescimento da economia.
Atualmente, diversas são as siglas que identificam grupos formados por países emergentes na tentativa de organizarem-se para promoção de maior desenvolvimento. Um exemplo é o BRICS, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, países de grande importância para o cenário internacional. Vivenciamos também uma presença mais marcante da China e Índia neste bloco, principalmente considerando o seu número de habitantes que somados ultrapassam os dois bilhões. Conforme sustenta Nyegray (2020), estima-se que até 2050 a China se torne líder mundial em termos de PIB (Produto Interno Bruto), com um valor duas vezes maior que o PIB dos Estados Unidos. Isto pode parecer estranho para um mundo pós-moderno e altamente dependente de produtos e patentes tecnológicas originárias dos Estados Unidos, mas lembre-se que em 18 dos últimos 20 séculos, a China foi a nação mais rica do mundo, nos lembra Nyegray (2020). Importante também lembrar que as grandes corporações do mundo têm interesse em negociar com outros países, componentes do G20, por exemplo, representado por Argentina, Chile, Peru, Polônia, Vietnã, Hungria, Malásia, Tailândia, Filipinas, Nigéria e Coréia do Sul, por exemplo e são vistos como ambientes que geram oportunidades de internacionalização de empresas na visão de Madeira e Silveira (2013).
Outro grupo formado por países emergentes é chamado de MIST, um agrupamento de países composto pelo México, Indonésia, Coréia do Sul e Turquia. Este grupo designa um recente agrupamento de países que vem apresentando um rápido crescimento econômico e social, mas ainda não são países que registram sucesso para com desafios em termos de produção e consumo, como ocorre com os integrantes do BRICS.
Conheça o site: Portal de informações do BRICS.
"Portal de informações do BRICS"
Link: https://infobrics.org/. Acesso em: 27 dez. 2022.
BRICS é um acrônimo que reúne a sigla inicial de seus países membros: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Trata-se de um bloco econômico, que também pode ser considerado como uma instituição internacional que mantém a forma de um agrupamento informal de países que buscam melhores condições de internacionalização de negócios e relacionamento com os mercados do exterior. Não é uma instituição registrada burocraticamente com estatuto e carta de princípios.
Sua formulação foi obra inicialmente pensada por Jim O'Neill em 2001, buscando uma união estratégica para formulação de um bloco econômico constituído por países eminentemente emergentes, que possuíam bom potencial econômico e capacidade de superação de grandes potências mundiais em um período de cinquenta anos. Inicialmente, era apenas uma classificação utilizada por especialistas em economia e cientistas políticos para designar um grupo de países com determinadas características econômicas em comum, e, a partir de 2006, passou a ser um mecanismo internacional para relações comerciais. Originalmente o grupo foi chamado de BRICs (com s minúsculo), onde o Brasil, a Rússia, a Índia e a China decidiram então dar um caráter diplomático à expressão criada e, em Assembleia Geral das Nações Unidas, buscam formalizar o encontro dos países em um momento de relacionamento internacional que propiciou a realização de ações econômicas coletivas por pares dos membros, bem como uma maior comunicação e estreitamento maior de relações exteriores.
A partir de 2011 o grupo recebeu mais um membro, a África do Sul, que reformatou o nome do grupo para BRICS (agora com S maiúsculo, representando o novo aliado). Mais recentemente, os BRICS se tornaram detentores de mais de 21% do PIB mundial, formando o grupo de países que mais crescem no mundo, representando 42% da população do planeta e 45% da força de trabalho. Também é considerado como o grupo de maior poder de consumo no mundo, destacando-se pela abundância de suas riquezas nacionais e condições favoráveis para um desenvolvimento econômico.
As nações pertencentes ao BRICS possuem uma população grande, território também grande, o que oportuniza consumo e expansão de negócios no contexto internacional.
Leia o capítulo: Brasil, ator com vocação global do livro Países Emergentes, e busque refletir sobre o cenário proposto em 2013 e a atualidade.
"Brasil, ator com vocação global"
Link: http://bit.ly/89j450. Acesso em: 27 dez. 2022.
Benachenhou, Abdelfatif. (2013). Países emergentes. Brasília: FUNAG.
Nesta aula, vimos que os chamados países emergentes ou países em desenvolvimento têm estado presente nos noticiários pois passaram a ser alvo de interesse de grandes corporações para desenvolvimento de seus negócios. O termo “países emergentes” acabou por substituir a terminologia antiga de países de primeiro, segundo ou terceiro mundo. O conceito de países emergentes é aplicado a um grupo de nações que tem se destacado pela sua capacidade de reorganização política, econômica, legal e industrial, e também que tem conquistado mercados com empresas cada vez mais competitivas. Estas nações acabaram por ser ambiente de industrialização, promovidas pela necessidade local aliada a oportunidade de receber filiais de empresas de grande porte dos então chamados países desenvolvidos. Vimos também que o BRICS é um acrônimo que reúne a sigla inicial de seus países membros: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Trata-se de um bloco econômico, que também pode ser considerado como uma instituição internacional que mantém a forma de um agrupamento informal de países que buscam melhores condições de internacionalização de negócios e relacionamento com os mercados do exterior.
Referências
Bibliográficas
Benachenhou, Abdelfatif. (2013). Países emergentes. Brasília: FUNAG.
Diamandis, Peter; Kotler, Steven. (2018). Oportunidades exponenciais: um manual prático para transformar os maiores problemas do mundo nas maiores oportunidades de negócio. Rio de Janeiro: Alta Books.
Madeira, A. B.; Silveira, K. A. G. (2013). Internacionalização de empresas: teorias e aplicações. São Paulo. BR: Saint Paul.
Nyegray, João Alfredo Lopes. (2020). Diplomacia e empreendedorismo corporativo. Curitiba: Contentus.
Seitenfus, Ricardo. Relações internacionais. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2013.
Livro de Referência:
Internacionalização de Empresas: Teorias e Aplicações
Adriana Beatriz Madeira, José Augusto Giesbrecht Da Silveira
Saint Paul, 2013